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O casamento é uma instituição social e jurídica que tem evoluído ao longo do tempo. No México, segundo o INEGI1, há aumento no número de casamentos, bem como de divórcios, e o casamento entre pessoas do mesmo sexo é legal em todo o país! Os casais continuam se casando! Mas com quem? Quem é o parceiro?

Os avanços tecnológicos e a democratização da IA em países como o Japão, onde atualmente há uma tendência à solteirice e à solidão2, produzem casos como o do jovem chamado Akihiko Kondo que, em 2018, se casou com o holograma Hatsune Miku, gastando uma quantia considerável de dinheiro para realizar seu sonho. "Acho que os conceitos de felicidade e de amor são diferentes para cada pessoa"3, confessa em entrevista aquele que, a propósito, não teve relações com mulheres de carne e osso. O holograma lhe permitia fazer existir uma relação que, no entanto, teve de terminar, dado que o programa com o qual ele interagia cancelou o serviço em 2022.

No México, os casamentos são celebrados com árvores, mais próximos da natureza do que no Japão, "um casamento simbólico", dizem os noivos, que se imaginam protegendo a árvore pelo resto da vida. "Case com uma árvore" é um ritual de conexão com a natureza, "o casamento não é apenas plantar uma árvore e depois abandoná-la, mas sim algo com que as pessoas se comprometem a longo prazo, regando-a, cuidando dela e lhe proporcionando um bom crescimento4". Uma das vantagens desse casamento é que nele não é obrigatório ser monógamo, as pessoas podem se casar com várias árvores!

O ativista ambiental peruano Richard Torres se casou com várias árvores em diferentes países e também com o mar. Esses casamentos são celebrados no estado de Oaxaca, no México, e têm um componente espiritual em conexão com a Pachamama – a Mãe Terra – ou com os deuses da natureza. Essa tradição também reflete uma visão mais profunda do casamento, que vai além da união de duas pessoas e a torna parte integrante do ciclo natural e espiritual da vida. O corpo, em ambos os casos, tanto no holograma quanto na árvore, não é solicitado, há uma dimensão principalmente imaginária, e perguntamos-nos precisamente o que acontece com o corpo em tais uniões? Seria uma crença imaginária no amor, não muito diferente daquela de qualquer sujeito que se apaixona e se casa?